Nossa Senhora de Lourdes

AS APARIÇÕES DE LOURDES
Fonte: http://lourdes-150-aparicoes.blogspot.com.br

As aparições de Nossa Senhora de Lourdes começaram no dia 11 de fevereiro de 1858, quando Bernadette Soubirous, camponesa com 14 anos, foi questionada por sua mãe, pois afirmava ter visto uma "dama" na gruta de Massabielle, cerca de uma milha da cidade, enquanto ela estava recolhendo lenha com a irmã e uma amiga.
  • 1ª apariçãoquinta-feira, 11 de fevereiro 1858

    1ª aparição
    quinta-feira, 11 de fevereiro 1858

    Santa Bernadette Soubirous redigiu de próprio punho, em sete ocasiões, a descrição da aparição, acrescentando novos detalhes em cada uma das versões. Eis um apanhado tão completo quanto possível de todos eles:

    “A primeira vez que fui à gruta, era quinta-feira, 11 de fevereiro. Fui para recolher galhos secos com outras duas jovens. Quando estávamos no moinho, eu lhes perguntei se queriam ver onde a água do canal se encontrava com o Gave. Elas me responderam que sim. De lá, seguimos o canal e nos encontramos diante de uma gruta, não podendo mais prosseguir.

    “Minhas duas companheiras se colocaram em condição de atravessar a água que estava diante da gruta. Elas a atravessaram e começaram a chorar. Perguntei-lhes por que choravam, e disseram-me que a água estava gelada. Pedi que me ajudassem a jogar pedras na água, para ver se podia passar sem tirar meus sapatos, mas disseram-me que devia fazer como elas, se quisesse. Fui um pouco mais longe, para ver se podia passar sem tirar meus sapatos, mas não poderia”.

    Esta preocupação se explica porque Bernadette sofria de asma, e a mãe não queria que tomasse friagem. Nessa ocasião ela catava galhos secos para aquecer a mísera habitação onde sua família arruinada era constrangida a viver. Prossegue o relato:

    “Então, regressei diante da gruta e comecei a tirar os sapatos. Tinha acabado de tirar a primeira meia, quando ouvi um barulho como se fosse uma ventania. Então girei a cabeça para o lado do gramado, do lado oposto da gruta. Vi que as árvores não se moviam, então continuei a tirar meus sapatos.

    “Ouvi mais uma vez o mesmo barulho. Assim que levantei a cabeça, olhando a gruta, vi uma Dama vestida de branco. Tinha um vestido branco, um véu branco, um cinto azul e uma rosa em cada pé, da cor da corda do seu terço.

    “Eu pensava ser vítima de uma ilusão. Esfreguei os olhos, porém olhei de novo e vi sempre a mesma Dama. Coloquei a mão no bolso, para pegar o meu terço. Queria fazer o sinal da cruz, mas em vão. Não pude levar a mão até a testa, a mão caía. Então o medo tomou conta de mim, era mais forte que eu. Todavia, não fugi. A Dama tomou o terço que segurava entre as mãos e fez o sinal da cruz. Minha mão tremia, porém tentei uma segunda vez, e consegui. Assim que fiz o sinal da cruz, desapareceu o grande medo que sentia, e fiquei tranqüila.

    “Coloquei-me de joelhos. Rezei o terço, tendo sempre ante meus olhos aquela bela Dama. A visão fazia escorrer o terço, mas não movia os lábios. Quando acabei o meu terço, com o dedo Ela fez-me sinal para me aproximar, mas não ousei. Fiquei sempre no mesmo lugar. Então desapareceu imprevistamente.

    “Comecei a tirar a outra meia para atravessar aquele pouco de água que se encontrava diante da gruta, para alcançar as minhas companheiras e regressarmos. No caminho de volta, perguntei às minhas companheiras se não haviam visto algo.

    – Não.

    “Perguntei-lhes mais uma vez, e disseram-me que não tinham visto nada. Eu lhes roguei que não falassem nada a ninguém. Então elas me interrogaram:
    “– E tu viste algo?

    “Eu lhes disse que não.

    “– Se não viste nada, eu também não.

    “Pensava que tinha me enganado. Mas retornando a casa, na estrada me perguntavam o que tinha visto. Voltavam sempre àquele assunto. Eu não queria lhes dizer, mas insistiram tanto, que decidi dizê-lo, mas na condição de que não contassem para ninguém. Prometeram-me que manteriam o segredo.

    Mas assim que chegaram às suas casas, a primeira coisa que contaram foi que eu tinha visto uma Dama vestida de branco. Esta foi a primeira vez”.

  • 2ª apariçãodomingo, 14 de fevereiro 1858

    2ª aparição
    domingo, 14 de fevereiro 1858

    Conta Bernadette: “A segunda vez foi no domingo seguinte. Voltei com várias moças, para ver se não me tinha enganado. Eu me sentia muito constrangida interiormente. Minha mãe tinha-me proibido voltar. Depois da missa cantada, as outras duas jovens e eu fomos mais uma vez pedir licença à minha mãe. Ela não queria. Dizia-me temer que caísse na água. Temia que eu não voltasse para assistir às vésperas. Prometi que sim, e deu-me então a permissão para ir.

    “Fui à paróquia, pegar uma garrafinha de água benta para jogá-la na visão quando estivesse na gruta, se a visse. E saímos para a gruta. Ao chegarmos lá, cada uma tomou o seu terço e nos ajoelhamos para rezá-lo. Apenas tinha acabado de rezar a primeira dezena, quando vi a mesma Dama” (Somente Santa Bernadette via e ouvia Nossa Senhora).

    “Então comecei a jogar água benta nela, dizendo que, se vinha da parte de Deus, que permanecesse; se não, que fosse embora; e me apressava sempre a jogar-lhe água. Ela começou a sorrir, a inclinar-se. Mais água eu jogava, mais sorria e girava a cabeça, e mais a via fazer aqueles gestos. Eu então, tomada pelo temor, me apressava a aspergi-la mais, e assim o fiz até que a garrafa ficou vazia. Quando terminei de rezar meu terço, Ela desapareceu e não me disse nada. Nós nos retiramos para assistir às vésperas”.

  • 3ª Apariçãoquinta-feira, 18 de fevereiro 1858

    3ª Aparição
    quinta-feira, 18 de fevereiro 1858

    “Ela só me falou na terceira vez. Foi na quinta-feira seguinte:
    “Fui ali com algumas pessoas importantes, que me aconselharam a pegar papel e tinta e lhe pedisse que, se tinha algo a me dizer, que tivesse a bondade de colocá-lo por escrito.

    “Tendo chegado lá, comecei a recitar o terço. Após ter rezado a primeira dezena, vi a mesma Dama. Transmiti esse pedido à Senhora.

    Ela se pôs a sorrir, e me disse que aquilo que tinha para me dizer, não era necessário escrevê-lo.

    “Mas perguntou-me se eu queria ter a graça de voltar ali durante quinze dias. Eu lhe respondi que sim”.

    Segundo Santa Bernadette, Nossa Senhora aparecia tal qual é representada na Medalha Milagrosa, mas sem os raios que saem das mãos.
  • 4ª apariçãosexta-feira, 19 de fevereiro 1858

    4ª aparição
    sexta-feira, 19 de fevereiro 1858

    Santa Bernadette não escreveu pessoalmente o relato da quinzena de aparições que começou nesse dia. Redigiu apenas uma relação geral dos ditos e pedidos mais importantes de Nossa Senhora. Por isso, a partir deste ponto, a narração é uma composição de palavras da vidente e fatos testemunhados pelos presentes.

    A 4ª aparição foi silenciosa. Bernadette “saudava com as mãos e a cabeça. Dava gosto vê-la. Era como se na vida toda não tivesse feito outra coisa que não fosse aprender a fazer esses cumprimentos”, testemunhou Josèphe Barinque, uma vizinha.

    Bernadette tinha um círio bento acesso. Este gesto, copiado em seguida pelos que assistiam às aparições, inspirou o costume atual de levar velas e acendê-las diante da gruta. Nesta quinzena, Nossa Senhora foi ensinando a forma de devoção que Ela queria que se praticasse em Lourdes.
  • 5ª aparição
    sábado, 20 de fevereiro 1858

    Bernadette chegou a Massabielle por volta das 6:30h. Desta vez, havia cerca de 30 testemunhas. Teve um êxtase de 40 minutos.

    Voltando para casa com sua mãe, confiou-lhe que a Senhora “teve a bondade de ensinar-lhe, palavra por palavra, uma oração somente para ela”. Ela a rezou todos os dias de sua vida, sem nunca revelá-la.
  • 6ª apariçãodomingo, 21 de fevereiro 1858

    6ª aparição
    domingo, 21 de fevereiro 1858

    A Dama se apresentou a Bernadette pela manhã, por volta das 7:10h. Cerca de 100 pessoas estavam no local.

    A privilegiada vidente escreveu: “Esta rainha misericordiosa me disse também para rezar pela conversão dos pecadores. Ela me repetiu várias vezes essas mesmas palavras”. Santa Bernadette escreveu mais de uma vez: Nossa Senhora “disse-me também que não me prometia tornar-me feliz neste mundo, mas no outro”.

    À tarde, o delegado de polícia Dominique Jacomet submeteu a vidente a um grosseiro e ameaçador interrogatório, exigindo-lhe que se retratasse, sob pena de prisão.

    Bernadette não se intimidou e respondeu com segurança, desmontando suas ciladas.

    No fim do interrogatório, o policial a proibiu de voltar à gruta.

    O pai da vidente cedeu à pressão, e também proibiu.
  • Segunda-feira
    22 de fevereiro 1858: não há aparição

    Nesse dia, soldados foram postos para vigiar os movimentos da vidente, prontos a prendê-la caso regressasse à Gruta de Massabielle.

    O apelo interior foi contudo mais forte, e à tarde ela ali acorreu. Esta sua decisão foi confirmada em confessionário pelo Pe. Pomian. Mas Nossa Senhora não apareceu, e Bernadette parecia desfeita: “Não sei no que eu faltei a esta Dama”.

    Porém, no fim do dia a cidade estava em alvoroço e o prefeito achou melhor suspender a proibição.
  • 8ª apariçãoquarta-feira, 24 de fevereiro 1858

    8ª aparição
    quarta-feira, 24 de fevereiro 1858

    O delegado Jacomet (foto) hostilizou a multidão: “Como é possível que em pleno século XIX haja ainda tantos idiotas!” –– exclamou.

    Os fiéis responderam com cânticos marianos.

    Contou Jean-Baptiste Estrade, cobrador de impostos em Lourdes, que pouco tempo depois de ter entrado em êxtase, como alguém que recebe uma má notícia, Bernadette deixou cair os braços, e abundantes lágrimas começaram a correr pela sua face.

    Ela subiu de joelhos o aclive que precede a cavidade, osculando a cada passo o chão. Voltou-se depois em direção à multidão de 300 pessoas.

    Com a voz marcada pelos soluços, referiu à multidão o pedido de Nossa Senhora:

    “Penitência, penitência, penitência!”; e “rezai a Deus pela conversão dos pecadores”; além da recomendação de “beijar a terra em penitência pelos pecadores”.

    “Penitência, penitência, penitência” –– lembremos que em Fátima, em 1917, Nossa Senhora faria ainda um derradeiro apelo, em termos ainda mais cogentes e dramáticos.